Luís Gonzaga Pinto da Gama. Este nome pode ter sido esquecido por muitos brasileiros, mas por aqueles que relembram sua ancestralidade, a respeitam e preservam, Luís Gama representa a força e a dedicação do povo negro em pleno século XIX.
Filho de mãe negra livre e pai branco, Luís se tornou um abolicionista, orador, jornalista, escritor brasileiro e o Patrono da Abolição da Escravidão. Apesar de não ter cursado nenhum curso de direito, ele também é considerado o primeiro advogado negro, uma vez que foi responsável por conquistar judicialmente a própria liberdade e de vários outros negros brasileiros.
Entre os destaques desse grande representante da liberdade do povo negro, está o de ser um dos raros intelectuais negros no Brasil escravocrata do século XIX, o único autodidata e o único a ter passado pelo cativeiro, dos 10 aos 17 anos.
Sobre sua mãe, o próprio escritor a descreve como “uma negra, africana livre, da Costa Mina (Nagô de Nação) de nome Luísa Mahin, pagão, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã (…) Dava-se ao comércio – era quitandeira, muito laboriosa, e mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreições de escravos, que não tiveram efeito”.
Foi durante o cativeiro, em sua infância, que Luís Gama aprendeu a ler e escrever, reconquistando sua liberdade, uma vez que nasceu livre e pode provar. Em 1859 publicou a coletânea Primeiras Trovas Burlescas, recheada de poemas satíricos, onde fez sua crítica política e social a respeito da sociedade brasileira. Nessa obra, ele também denunciou as questões raciais do ponto de vista negro, em primeira pessoa.
A paixão pela escrita também o rendeu participação em vários jornais, onde escreveu sobre a causa republicana e abolicionista. Os periódicos que receberam a contribuição do advogado e escritor foram Diabo Coxo, Cabrião, Correio Paulistano, A Província de São Paulo, Radical Paulistano, A Gazeta da Corte, onde atuou junto com outros abolicionistas negros como Ferreira de Menezes, André Rebouças e José do Patrocínio.
Além disso, Luís também fez parte do Radical Paulistano, que era um órgão de comunicação do Partido Liberal Radical, Abolicionista e Republicano. Nele, o escritor denunciou violações das leis por parte dos representantes dos senhores. Denunciava sentenças e apontava os erros cometidos por juízes e advogados.
Como prova do seu compromisso em libertar os negros vindos e nascidos no Brasil, Luís Gama utilizou uma brecha na lei de 7 de novembro de 1831 que dizia que o tráfico negreiro estava extinto. Dessa forma, o advogado lutou para tornar livres todos os negros e todas as negras trazidos para o país depois desta data. Ele fez este trabalho de forma gratuita e conseguiu libertar pessoas em vários locais do Brasil.